quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Eu, meu hijaab e o Brasil: Crise de identidade? (Hijaab Day)

(Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso)

  
Salaam walaykum, irmãs!

Se você está em alguma rede social (twitter, facebook, tumbr) deve ter ouvido falar no “Hijaab Day”, o dia do hijaab (lenço).


Esse dia busca celebrar o direito feminino ao uso do lenço. O dia começou a ser celebrado em 2004 como resposta à guerra de Sarkozy contra as mulheres francesas (ou não) que faziam uso do lenço na França. Portanto, tem como objetivo estabelecer-se contra a banição do uso do lenço em países não muçulmano, especialmente no ocidente.

Há roupas modestas e não modestas, apertadas ou largas, confortáveis ou desconfortáveis, mas nada como o que se diz “islâmica”. A vestimenta islâmica atesta um código moral. Quando o Profeta Mohammed (que a paz esteja com ele) veio com a revelação ele não trouxe uma nova forma de vestir-se que não tivesse sido utilizada por povos anteriores. Ao contrário, ele apropriou-se da vestimenta modesta da época e que estava disponível.
Penso que seja possível vestir-se modestamente e ainda assim estar dentro das regras do hijaab vestindo roupas folgadas, combinando-as com seu estilo.
A maior dificuldade para nós, brasileiras convertidas ao islamismo, não está apenas em encontrarmos roupas modestas, mas em lidar com as pessoas que estão sempre fazendo perguntas cada vez mais medíocres: “Você não sente calor?”; “Você tira ‘isso’ pra tomar banho?”; “Você usa ‘isso’ em casa?”; “Seu marido pode ver seu cabelo?” Adiantando-me: Não, meu pai não é muçulmano, por tanto não me obriga ou coage o uso da “burqa”, também não sou casada, meu lenço não é imposição do meu marido. Uso-o apenas porque acredito que esta seja a coisa certa a fazer, como me foi prescrito naquele que é o meu livro sagrado.
Sou uma muçulmana que ama usar o lenço e busco vestir-me modestamente, sem indispor-me com meu estilo e com as tendências da moda. Não sou Árabe, tampouco do Marrocos, também não gostaria de ser.
A minha forma de vestir-me não significa que renego minha identidade brasileira.
A vestimenta islâmica não é patente de países árabes.
Visto-me “como eles” pois aderi a religião “como a deles”. E me cansa ver as pessoas tentando adivinhar a minha identidade:
EU NÃO ESTOU EM CRISE DE IDENTIDADE!
A minha identidade brasileira não é negada pelo uso da vestimenta islâmica, mas reforço minha identidade islâmica dentre os brasileiros ao fazer uso dela.
Alguém (que já não lembro quem) disse que aquilo que você mais odeia em uma pessoa é aquilo que você mais odeia em você e está apenas vivendo um momento de contradição. Portanto, se você insiste que que eu tenho uma crise de identidade, você está adimitindo que é VOCÊ quem não sabe quem afinal de contas você é!
Quanto a mim, eu sei exatamente quem eu sou:
Eu sei que sou uma muçulmana brasileira, que ama seu hijaab e veste aquilo que está disponível para que me vista dentro dos preceitos islâmicos. Eu não sou árabe, nem aspirante a árabe. Eu não sou asiática, tampouco tenho vontade de ser.
Portanto, siga e busque encontrar a si mesmo antes de querer me ajudar a me encontrar!

Eu não acredito que qualquer nação ao redor do mundo tenha uma patente sobre a sua vestimenta nacional. Então, se eu quiser vesti-la, eu visto. Simples assim. E, se você não consegue lidar com isso, o problema deixa de ser meu. Você está simplesmente tentando ancorar em mim suas próprias crises e inseguranças.


2 comentários:

  1. o Brasil se diz um país livre de preconceitos, mas bem sabemos q nao é verdade.
    Mas é assim mesmo, não temos q nos incomodar com opinião alheia e fazer o que achamos certo.
    Um dia eu chego lá, que Deus nos ajude!
    :)

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  2. Quando vivia em Portugal (sul) vivia o mesmo problema. Mas agora que vim para Inglaterra nao sinto que esses preconceitos sejam tao existentens ou manifestados. No outro dia via uma irma muçulmana vestindo seu completo hijab conduzindo transportes publicos, ha locais de oraçao em alguns estabelicimentos publicos como escolas e hospitais. Muçulmanos que tem deixam barba crescer em postos publico,mas tambem sei q nao é assim em todo o pais

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